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Tudo no lugar

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Ter livros em casa é ainda melhor se eles estiverem em lugar adequado e bem organizados, como no estúdio do estilista Paulo Spazzapan, criado por Karina Vargas. Foto: ZECA WITTNER/ESTADÃO

 

Ana Paula Garrido – O Estado de S.Paulo

Bem-vindos em todas as casas, os livros são tão presentes que até já viraram elementos de decoração. No entanto, deixá-los em ordem não é tarefa das mais fáceis, independentemente do tamanho do acervo. Em geral, as regras dependem muito do gosto e dos hábitos de leitura do proprietário, tanto que ele mesmo pode definir as maneiras para achar aquele bendito exemplar sem ter de tirar tudo da estante.

O estilista Paulo Spazzapan criou seu próprio método para facilitar esse trabalho. Em seu ateliê na República, após separar por temas, ele coloca alguns dos títulos – é o caso das biografias – em ordem alfabética. Nos assuntos mais específicos, como a coleção de matérias sobre Marilyn Monroe, ele usa fotos para identificar o conteúdo rapidamente. Como divide o estúdio com mais dois artistas, Spazzapan dá outra dica para não misturar as obras. Cada um escolheu uma cor e aplicou etiquetas nas lombadas.

Com “mania de organização” desde pequeno, o estilista cria até legendas para os livros: a edição Paper Dolls Famous Faces é repleta de adesivos coloridos para indicar quais bonecos ilustrados ele já tem. “Quem é acumulador encontra maneiras de ordenar tanta coisa, até porque já sentiu na pele quais são as necessidades de cada coleção”, afirma.

Ter a real dimensão do problema ajudou a designer de interiores Karina Vargas a projetar estantes com nichos de diferentes tamanhos para acomodar o variado acervo do estilista. “Optamos pela estante aberta porque ela facilita na hora de tirar e pôr de volta. Mas, antes, tivemos de medir tudo para encaixar desde os livros menores até as pastas com desenhos dele”, conta Karina. A cor branca nas prateleiras equilibra o excesso de informações dos livros.
Esther Schattan, sócia-diretora da Ornare, também optou por estantes neutras para o seu apartamento no Itaim Bibi.

Em quase todos os nichos há, além dos livros, vasos e objetos de decoração, que auxiliam a identificar as publicações, conforme explica a organizadora Cristina Papazian. “Os seguradores do Charles Chaplin indicam os livros sobre negócios. No home theater, usei peças da China e da Grécia no nicho onde ficam as apostilas de idiomas.”

A consultora aconselha a intercalar a posição dos exemplares, seguindo um sistema funcional. “Deixe de pé os livros de consulta frequente, e deitados, aqueles mais decorativos. Isso vai te ajudar a separar visualmente os que você lê ou não e ainda cria um movimento”, ensina.

O próprio desenho da estante pode trazer dinâmica ao ambiente. Foi o que fez a arquiteta Flávia Gerab para este apartamento na Aclimação. “Como não dava para criar uma passagem entre a sala e a cozinha por ali, pois ficaria desconfortável, usamos uma estante que integrasse os ambientes, sem deixá-los totalmente abertos.” O móvel vazado permitiu unir estética e funcionalidade. “Se você colocar um tempero ou um livro de receitas, ganha uma peça decorativa para a sala e utilitária para a cozinha.”

O designer de interiores Fabio Galeazzo também usou a estante para dar leveza à sala deste apartamento no Morumbi. Feita de madeira laqueada e com tamanhos variados de prateleiras e divisórias, ela cumpre a função de reunir as grandes obras literárias que fizeram parte da vida da moradora, além de trazer um toque divertido com os nichos vermelhos. “Conseguimos dar movimento a um móvel que corria grande risco de ficar pesado devido a grande quantidade de livros”, comenta Galeazzo.

Lá no alto. Com o pé-direito duplo à disposição, as arquitetas Andrea Teixeira e Fernanda Negrelli aproveitaram o canto ao lado do home theater neste apartamento na Vila Leopoldina para colocar a estante no alto da parede, criando uma área usada ora como biblioteca, ora como escritório – com a escrivaninha encaixada, basta trazer uma poltrona da sala para trabalhar. “Focamos na iluminação para destacar a estante e a escada de acesso aos livros, que também tem efeito decorativo”, diz Andrea.

Para cumprir o desafio de construir uma biblioteca no antigo terraço de apenas 28 m² nesta casa no Pacaembu, o arquiteto Gustavo Motta criou um pé-direito de 5,8 metros para reunir os diversos livros jurídicos do casal. “Precisava ter poucas janelas para ganharmos metros lineares de estante. Para suprir a falta delas, usei a claraboia para garantir a claridade.” Funcionou. O ambiente ganhou uma farta iluminação natural – pena que os donos só usam o escritório à noite.

No projeto do arquiteto Olegário de Sá e do decorador Gilberto Cioni, a qualquer hora parece noite, provando que há bibliotecas para todos os gostos. A única abertura luminosa da sala desta casa no Jardim Europa é filtrada por persianas de madeira. “O cliente queria uma atmosfera mais inglesa e aconchegante. Por isso, revestimos a parede com imbuia escurecida e as poltronas com couro e usamos arandelas perto das estantes com luz amarelada”, explica Olegário.

 

 

 

NA HORA DA ARRUMAÇÃO

Visível: Segundo a organizadora Carol Rosa, o ideal é deixar os livros em prateleiras, pois em gavetas ou caixas acabam sendo esquecidos

Classificação: Para revistas, é melhor separar pela marca e data de publicação

Nichos: Prefira móveis com divisórias para colocar cada tema em um nicho. Ou então use apoios para separá-los nas prateleiras

Suportes: Colocá-los sobre a mesa também vale. Escolha os de capa dura e de temas que possam agradar a todos, como viagem

 Cuidado: Na cozinha, é aconselhável guardá-los em armário, por causa da gordura


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